30 de maio de 2009

Amor


"(...) E onde nós víamos um homem velho, vê ela um homem novo, o soldado a quem perguntou um dia, Que nome é o se, ou nem sequer a esse vê, apenas a este homem que desce sujo, canoso e maneta, Sete-Sóis de alcunha, se a mrce tanta canseira, mas é um constante sol para esta mulher, não por sempre brilhar, mas por existir tanto, escondido de nuvens, tapado de eclipses, mas vivo, Santo Deus, e abre-lhe os braços, quem, abre-os ele a ela abre-os ela a ele, ambos, são o escândalo da vila de Mafra, agarrarem-se assim um ao outrona praça pública, e com idade de sobra, talvez seja porque nunca tiveram filhos, talvez porque se vejam mais novos do que são, pobres cegos, ou porventura serã estes os únicos seres humanos que como são se vêem, é esse o modo mais difícil de ver, aora que eles estão juntos até os nossos olhos foram capazes de perceber que se tornaram belos."

Memorial do Convento

18 de maio de 2009




É de louvar que existam pessoas assim.
Que não esquecem as origens e que dão valor a tudo o que se fez e àqueles que as ajudaram a ir mais longe.
Emocionou-me a atitude.
Foi um grande exemplo e ninguém mais digno de o receber do que o grande António Feio.
E com esta homenagem, Nuno Lopes provou ser muitissimo mais do que um bom actor.

13 de maio de 2009

Resposta


Valeu a pena, nem que seja para perceberes que a vida não é um jogo.
Foram quatro longos anos contigo. A ver-te cair a cada passo... mas a ver que a queda era cada vez menor.
E cheguei a um ponto em que me afastei... e observei-te, ao longe, apenas. Sem sequer intervir.
Porque apesar de tudo, sempre tivemos o cuidado de cuidar um do outro. Nem que não o dissessemos todos os dias.
E mesmo que muita gente não perceba, mesmo que eu própria não perceba, nunca, em nenhum momento, te exclui da minha vida. Apenas ganhei imunidade às vezes que caía por ti.
E sinceramente, acho que foi isso que te fez evoluir.
Acho que sozinho conseguiste perceber que o que tinhas deitado a perder não compensava essa tua teimosia de veres a vida apenas com os teus olhos.
Perdeste a confiança de muitos. Perdeste sucessivas amizades, perdeste oportunidades, perdeste momentos (nos quais fazias falta).
Mas mantiveste a essência. Mantiveste um jeito que te caracteriza. Continuas a ver-me, a estar atento, e a perceber quando estou mal. Tens essa tua mania de dramatizar tudo e de levar tudo ao exagero, mas fizeste-me falta.
E não imaginas como fiquei feliz quando disseste que a nossa turma te ia fazer falta. Porque foi muito mais do que um " vou ter saudades disto". Foi o tu admitires que não estás sozinho, que nao tens que estar sozinho, e que ainda há algum tempo para aproveitar. Nesse momento, percebi que não permaneceste inalterado durante todo este tempo e que houve alguma coisa em ti que cresceu.
A vida não é mesmo um jogo... a tua vida é muito mais do que isso. E finalmente percebeste que as regras (que nem sempre existem) não são as tuas e não dependem só de ti.
Fizeste falta e é mesmo bom ter-te de volta.