30 de maio de 2009

Amor


"(...) E onde nós víamos um homem velho, vê ela um homem novo, o soldado a quem perguntou um dia, Que nome é o se, ou nem sequer a esse vê, apenas a este homem que desce sujo, canoso e maneta, Sete-Sóis de alcunha, se a mrce tanta canseira, mas é um constante sol para esta mulher, não por sempre brilhar, mas por existir tanto, escondido de nuvens, tapado de eclipses, mas vivo, Santo Deus, e abre-lhe os braços, quem, abre-os ele a ela abre-os ela a ele, ambos, são o escândalo da vila de Mafra, agarrarem-se assim um ao outrona praça pública, e com idade de sobra, talvez seja porque nunca tiveram filhos, talvez porque se vejam mais novos do que são, pobres cegos, ou porventura serã estes os únicos seres humanos que como são se vêem, é esse o modo mais difícil de ver, aora que eles estão juntos até os nossos olhos foram capazes de perceber que se tornaram belos."

Memorial do Convento

1 comentário:

Licas disse...

Talvez dos excertos mais bonitos do Memorial *.*