19 de outubro de 2010

Igual


E no meio de tudo, sem estar à espera, percebi que tem tudo a ver comigo,neste momento.
Ás vezes é só preciso estar um bocadinho mais atenta ao que já era hábito. E a música já era hábito. Hoje disse um bocadinho mais.

7 de outubro de 2010

Cinzento

Todos temos um "plano de acção".
Um conjunto de regras, de normas, assentes nos nossos princípios, naquilo que acreditamos e que vai sendo cimentado e moldado ao longo do tempo mas que, geralmente, é constante. Por uma razão ou outra, quer seja para protegermos aquilo que somos ou para afastarmos quem não nos interessa minimamente, há um conjunto de padrões que acabamos por ter e que ditam a nossa reacção com quem nos rodeia. Assim, há os tolerantes, os pacientes, os exigentes, os equilibrados, os intrometidos, os introvertidos, os sinceros, os interesseiros. Com a idade, acabamos por nos ir definindo. Sabemos, normalmente, o que esperar dos outros e sabemos quais são os limites que impomos para que qualquer relação funcione bem.
Incrivelmente, depois de tudo tão estruturado e tão "organizado", há sempre quem fuja às regras a que nos impomos. Quando nos obrigamos a exigir, a pedir explicações e a querer mais já que o que ouvimos ou o que temos não nos chega, aparece alguém que nos faz esquecer regras. Que entra e não fecha a porta. Que usa e abusa, chega e parte sem se despedir, que nos puxa para si e,no momento seguinte, nos afasta sem razão aparente. Há pessoas assim... a quem toleramos muito, com quem respiramos até dez,baixinho, porque perde-las é bem pior do que aturar qualquer coisa. 

Antes, se calhar por experiência própria, achava isso estúpido. Embora ouvisse, falasse, esperasse, insistisse, a falta de resposta cansava-me. Mais do que isso, magoava-me. A ponto de não querer mais, virar costas e nunca mais ver essa pessoa da mesma maneira.
Apercebi-me,hoje, que por muito "equilibrio" que haja na maioria das nossas relações, vai sempre haver quem nos faça abrir excepções. Quem exija mais uns minutos de paciência, quem nos faça dar sem exigir grande coisa à partida, que nos faça olhar com um sorriso mesmo quando não atinge o que esperamos dele. E isso não é mau. São pessoas que nos obrigam a moldar os nossos limites, a flexibilizar os nossos padrões, a ir para além do que estamos habituados, a dar mais de nós. E, mesmo assim, são pessoas que valem a pena. 
As relações, porque são feitas de gente cinzenta,não podem ser de outra cor que não o cinzento. São o balanço de vários factores, o equilibrio de personalidades e,muitas vezes, a cedência no que, à partida, seria inflexível.