Eu através de Ti.

Hoje não te disse a verdade toda.
Já nos imaginei juntos, sim. Não senti nada significativo, mas também não descartei a possibilidade de podermos ficar juntos. Estávamos muito próximos, havia química e eu esqueci-me de mim. Olhando com frieza (esta tornou-se a palavra chave do dia de hoje) sempre achei ridículo, inacessível, utópico e desconfortável.
Mas mais do que uma vez dei por mim a sonhar, literalmente, com isso. E não serão os sonhos o reflexo mais puro do que sentimos?
A questão é que sempre achei toda a situação estúpida. Abafei, nunca comentei com ninguém. Isso nem sequer me passou pela cabeça. Acho que foi mais uma das coisas que mudou em mim. Antes, sufocava se não falasse dos meus sentimentos. Actualmente, resguardo aquilo que não tenho como certo (sim, porque agora tenho a certeza do absurdo de tudo o que sonhei).
O mais irónico é que acabei por assumi-lo num blog. Mas sei que só tu percebes e que consegues guardar segredo.
Apesar de tudo, não houve tempo suficiente para explorar ou amadurecer o sentimento. Até porque fiz questão de não tocar no assunto comigo mesma, de afastar a possível ideia de eventualmente considerar essa existência de um "nós".
Fizeram-me muitas vezes a mesma pergunta e eu respondi a todas com o que, racionalmente, sabia ser verdade. E o "não" parecia-me a resposta mais sincera. Foi o que te disse hoje e, por alguma razão, senti que não estava a ser transparente e que te queria mostrar o que senti (talvez por acreditar que, neste campo, me perceberias melhor que ninguém).

Neste momento, mudou demasiada coisa para eu me dar ao luxo de sentir algo mais do que saudade pelo que fomos. Hoje não. Ontem,... talvez.